quinta-feira, 22 de maio de 2025
Estreias da Semana #667
quarta-feira, 21 de maio de 2025
Crítica: A Savana e a Montanha (2024)
Sugestão da Semana #666
sexta-feira, 16 de maio de 2025
IndieLisboa 2025: Duas Vezes João Liberada / Two Times João Liberada (2025)
"Não me faz sentido nenhum fazer isto à personagem... Desculpem."
João
*9/10*
Duas Vezes João Liberada marca a estreia de Paula Tomás Marques nas longas-metragens, após uma muito prometedora filmografia de curtas.
No seguimento do que já aconteceu em Dildotectónica (2023), Paula volta a criar uma personagem ficcional, construída através de registos reais. Sem medo de correr riscos, a realizadora quebra e desmistifica tabus, ao mesmo tempo que a inspiração histórica - com a personagem de Liberada a nascer a partir de uma vasta investigação da realizadora e da protagonista June João (que assinam o argumento em conjunto) nos registos da Inquisição em Portugal e relatos de historiadores - torna tudo ainda mais mágico e entusiasmante.
"João, uma actriz lisboeta, protagoniza um filme histórico biográfico sobre Liberada, uma jovem dissidente de género perseguida pela Inquisição. Após o realizador do filme ficar misteriosamente paralisado, João é assombrada pelo espírito da personagem."
Eis que Duas Vezes João Liberada mostra o filme dentro do filme, guiado por uma metanarrativa, com nuances históricas e uma desmistificação da dissidência de género ao longo dos séculos. A desconstrução dos acontecimentos é feita de forma competente e cativante, revelando os bastidores da rodagem do filme sobre Liberada e a divergência de pontos de vista entre realizador e actriz principal. Aí, entra em acção um elemento terror/fantástico: o fantasma da "verdadeira" Liberada a assombrar a equipa de filmagens, mas principalmente, João (numa excelente prestação de June João) e o realizador.
É como se apenas João fosse capaz de compreender qual é a correcta representação, a partir do Presente, de uma (suposta) figura histórica. É também isso que Paula Tomás Marques pretende fazer com esta personagem fictícia, que poderia representar outras que realmente existiram, mas sobre quem não se sabe toda a história e, como tal, seria impossível replicá-las dignamente. É fundamental deixá-las livres de preconceitos.
Sem apoios financeiros públicos, a equipa de Duas Vezes João Liberada criou uma obra notável, com grande empenho e entreajuda de todos os elementos. Paula Tomás Marques optou por filmar em película de 16mm, o que confere ainda maior magia à longa-metragem. Se, por um lado, toda a equipa pôde experienciar a necessidade de economia que a fita exige, verdade é que o resultado é surpreendente, com planos exemplares e um trabalho que tira o maior partido da luz e cores. Ao mesmo tempo, a montagem e os efeitos visuais práticos funcionam com uma naturalidade que torna a assombração ainda mais "realista".
Na sua primeira longa-metragem, Paula Tomás Marques mostra, cada vez mais, uma enorme criatividade e inteligência na abordagem dos temas que têm caracterizado o seu trabalho. Não falta algum humor, uma fantasma que sabe o que quer e muito respeito pelas pessoas queer e dissidentes de género que ficaram registados na História.
quinta-feira, 15 de maio de 2025
Estreias da Semana #666
terça-feira, 13 de maio de 2025
Sugestão da Semana #665
domingo, 11 de maio de 2025
IndieLisboa 2025: Vencedores
O IndieLisboa 2025 anunciou este Sábado, 10 de Maio, os premiados desta 22.ª edição do festival lisboeta. On Becoming a Guinea Fowl, de Rungano Nyoni, conquistou o Grande Prémio de Longa-metragem da Competição Internacional. Nos galardões nacionais, destaque para Hanami, de Denise Fernandes, eleita a Melhor Longa a concurso, e para Paula Tomás Maques, que venceu o prémio de Melhor Realização por Duas Vezes João Liberada.
Eis a lista completa de premiados:
Competição Internacional de Longas-Metragens
Grande Prémio de Longa-Metragem Cidade de Lisboa (15 mil euros)
On Becoming a Guinea Fowl, de Rungano Nyoni
Prémio Especial do Júri Canais TVCine (garante a aquisição dos direitos do filme para Portugal)
Vitrival – The Most Beautiful Village in the World, de Noëlle Bastin e Baptiste Bogaert
Competição Internacional de Curtas-Metragens
Grande Prémio de Curta-Metragem EMEL (4000 euros)
Their Eyes, de Nicolas Gourault
Prémio Especial de Júri (500 euros) ex aequo
Servicio necrológico para usted, de María Salafranca
The Building and Burning of a Refugee Camp, de Dennis Harvey
Prémios Competição Nacional
Prémio MAX para Melhor Longa-Metragem Portuguesa (5000 euros)
Hanami, de Denise Fernandes
Prémio Melhor Realização para Longa-Metragem (1000 euros)
Duas Vezes João Liberada, de Paula Tomás Marques
Menção Especial
Deuses de Pedra, de Iván Castiñeiras Gallego
Prémio Melhor Curta-Metragem Portuguesa (2000 euros)
Antígona ou a História de Sara Benoliel, de Francisco Mira Godinho
Prémio Novo Talento McFly (5000 mil euros convertíveis em serviços de pós-produção de som)
La Durmiente, de Maria Inês Gonçalves
Novíssimos
Prémio Novíssimos (1000 euros e a promoção e venda do filme em questão pela Portugal Film)
Em Reparação, de Beatriz Machado Oliveira
Menções Honrosas
Winners, de Edgar Gomes Ferreira
Entre o Mar e a Ilha, de José Rodrigo Freitas.
Silvestre
Prémio Honda Silvestre para Melhor Longa-Metragem (1500 euros) ex aequo
Ariel, de Lois Patiño
little boy, de James Benning
Prémio Silvestre Escola das Artes para Melhor Curta-Metragem (1000 euros)
Razeh-del, de Maryam Takafori
Prémio IndieMusic (1000 euros)
Orlando Pantera, de Catarina Alves Costa.
(Orlando Pantera tem sessão extra no IndieLisboa este Domingo, 11 de Maio, às 18h30, no Auditório Emílio Rui Vilar, Culturgest)
Prémio Amnistia Internacional (1500 euros)
On Becoming a Guinea Fowl, de Rungano Nyoni
Prémio MUTIM (250 euros) - curta-metragem da secção Novíssimos que melhor contribua para um imaginário cinematográfico não estereotipado no cinema português
Amanhã Não Dão Chuva, de Maria Trigo Teixeira.
Menção Honrosa
Entre o Mar e a Ilha, de José Rodrigo Freitas.
Prémio Escolas para Melhor Curta-Metragem
Antígona ou a História de Sara Benoliel, de Francisco Mira Godinho
Prémio Universidades para Melhor Longa-Metragem Portuguesa
Deuses de Pedra, de Iván Castiñeiras Gallego
O Prémio do Público [para as categorias de longa-metragem (1000 euros), curta-metragem (750 euros) e IndieJúnior (500 euros)] será conhecido na segunda-feira.
Toda a informação sobre o IndieLisboa 2025 em https://indielisboa.com/
-
"Our faith is a living thing precisely because it walks hand-in-hand with doubt. If there was only certainty and no doubt, there would ...
-
A 97.ª cerimónia dos Oscars aconteceu esta noite, no Dolby Theatre, em Los Angeles. O anfitrião foi Conan O'Brien - muito comedido - e...